RELATOS
AUTORAIS
O olhar do público e os registros dos educadores
A escuta como desenho do espaço
Registro do público a partir do texto que o convida a ouvir todas as camadas de sons presentes na área de convivência do Sesc.
Memória ou mudança
Abaixo o relato do que o público escreveu sobre suas memórias ou desejos de mudança.
Ficha 1 mudança
FUCK THE SYSTEM
Ficha 2 mudança
Eu mudaria os espaços ENTRE para espaços COM.
Ficha 3 Memória
CHUVA!!!!!
Ficha 4 Memória
Sesc Ipiranga: Continue assim, capaz de abraçar a todos que o procuram. Neste momento de tanto sofrimento das pessoas, que uns leem livros, revistas, jornais e acessam a internet de graça, outros brincam, jogam, nadam, a comida é saudável e cabe no bolso de cada um. Frequento há muitos anos, gosto de vir aqui… Parabéns à gestão e ao bom gosto de quem trabalha aqui.
Waldir Cipriani.
Ficha 5 memória
Este verde que em dia de chuva cobre todo o jardim, que magnifica, bela e encantadora paisagem. Que um dia de sol ilumina com tanto esplendor e aquece com tanto amor.
Rosangela Dias.
Ficha 6 memória
Faculdade
Namoro
Casamento
Festa
Vida
Ficha 7 memória
Eu moro aqui há 54 anos. Marcou. Museu quando era pequeno. Bonde. Holaria. Silva Bueno tinha duas mãos.
Ficha 8 mudança
Antes tinha brincadeira na rua, hoje a rua é violenta, tem tiros e novas velocidades, netos ficam fechados em casas. Gostaria desse tipo de mudança.
Ficha 9 Memória
O irmão do Matheus com a gente no Sesc na chuva!
Ficha 10 mudança
Eu não mudaria nunca e não mudaria nada destes lugares. Eu amo o Ipiranga.
Ficha 11
O Sesc aqui no bairro veio mudar muita coisa, por exemplo: a relação insistente entre os moradores, o desenvolvimento do bairro, onde só havia um grupo escolar, o progresso da área abaixo da rua 1822, antes chamada de "às margens do Ipiranga". Parabéns Sesc. Obrigado.
Ficha 12
Na questão do bairro Ipiranga deveria se ter mais cuidado com o espaço público, Parque da Independência, deveria melhorar a limpeza, a manutenção.
O Museu do Ipiranga por exemplo, há muito tempo fechado. Os banheiros do parque também fechados. Quanto ao Sesc tem uma estrutura muito bem organizada mas deveria haver mais flexibilidade no uso. Deveria voltar a abrir algumas atividades para usuário se possível.
No geral, a cidade deveria ter mais metrô (transporte público eficiente, de qualidade).
Ficha 13 memória
Pessoas na convivência, fotografias de tempo e espaço.
Ficha 14 memória
Gosto muito deste bairro, tenho muitas lembranças dele, ainda quando comecei a vir para o Sesc.
Ficha 15 memória
Plantei uma flor aqui no Sesc Ipiranga a mais de 4 anos atrás e até hoje ela floresce como minha paixão por este bairro maravilhoso. 2016.
Ficha 16 memória
Nunca me esqueço do dia em que entrei no Sesc curumim, fiz vários amigos novos e foi muito legal. O espaço era bem grande e pensei: será que farei novos amigos? Legais? Foi no dia 05 de outubro de 2016.
Ficha 17 memória
Minha primeira vez que vim aqui no Sesc eu conheci um esqueleto, eu vim com a minha amiga Georgia, eu e ela chamamos o esqueleto de Kevim!
Ficha 18 mudança
Que nós possamos escorregar na exposição da biblioteca!
Ficha 19 mudança
Eu queria que tivesse uma exposição que fosse especialmente para crianças!
Ficha 20 mudança
Eu queria que o mundo fosse mais justo. Eu quero que o Palmeiras fique melhor.
Ficha 21 memória
Eu lembro da exposição dos humanos. Tinha um esqueleto que eu e uma amiga chamamos de Kevin!
Ficha 22 memória
No dia que eu entrei no curumim fiquei com muita vergonha, falaram para eu e o meu irmão falarmos os nossos nomes e eu tive que falar na frente de todo muito, fiquei cm muita vergonha!!!
Memórias fantasiadas de presente
Abaixo as memórias do público transformadas em memórias ficcionais pelas educadoras.
MEMÓRIA ORIGINAL: A história da família francesa que fundou uma cerâmica famosa no bairro do Ipiranga e as lagoinhas nos quais as crianças nadavam.
MEMÓRIA ORIGINAL: uma foto de um xamã, da exposição do Eduardo Viveiros de Castro, no Sesc Ipiranga.
MEMÓRIA ORIGINAL: a primeira vez que um rapaz entrou no Sesc Ipiranga, por acaso e chovendo da chuva e encontrou um show de jazz que ele descreveu como "mágico".
MEMÓRIA ORIGINAL: A história da família francesa que fundou uma cerâmica famosa no bairro do Ipiranga e as lagoinhas nos quais as crianças nadavam.
Depoimento dos educadores
Abaixo algumas reflexões levantadas pelos próprios educadores da exposição, do Zebra ou convidados, a partir das ações que foram propostas.
Escuta como desenho do espaço
Escolho anotar a quantidade de pessoas que se relacionam com a ação de alguma forma: desde a simples micro pausa curiosa de olhar, ler o convite - sente-se e abra o caderno - até quem de fato se senta e faz a ação. tudo é público! sendo assim, anotei 69 curiosos!
Tiago Luz 09/10
Outros
...um senhor que conversou conosco na terça, ele trouxe duas revistinhas sobre o bairro do Ipiranga e queria deixar com a gente "pra ajudar no nosso trabalho"
Tiago Luz 29/09
Sobre mediação
preciso reconhecer que me sinto muito bem nessa missão de registrar as coisas. talvez eu devesse me dedicar mais ou desenvolver melhor essa ideia. enfim. entender o que é isso e como isso se articula nesse segmento de trabalho.
Tiago Luz 29/09
Pequenas Intervenções: Jornal
Foi bem bacana realizar a ação, quase um trabalho de detetive ou coisa do tipo. Colocar a instrução, discretamente, era sempre um desafio. Depois o desafio maior foi dosar a ansiedade e esperar que alguém topasse seguir uma única instrução. e assim foi. Câmera na mão e paciência no corpo todo, até que em dado momento, um senhor, desses que sempre está no Sesc lendo jornal encontra o papel. Me posiciono pra registrar vejo que ele segura o papel nas mãos. Olha para os lados, lê de novo e então acontece! Ele tira os óculos de leitura, ajeita sua coluna, fecha os olhos, e inspira fundo. (...) expira. Exita. parece não saber se faz mais vezes ou não. Volta a ler o papel. Acho que ele percebeu que eu estava gravando. Rapidamente eu mudo de lugar, o senhor retoma a ação, tira os óculos, levanta a cabeç ;a, fecha os olhos e respira. Que bonito! Antes de voltar à sua leitura, ele olha rapidamente pra câmera. um olhar cúmplice, acredito eu.
Tiago Luz 29/09
Sobre mediação
Foi um dia muito interessante pra mim no sentido de entender um pouco melhor a respeito de um modo de funcionamento dessa mediação nesse projeto. Os caminhos vão se desenhando, as demandas surgindo. Contente em poder participar dessa história
Tiago Luz 27/09
Sobre mediação
enfim... esse foi meu primeiro dia de trabalho. cheguei com tudo e fui descobrindo a necessidade de dosar minha disponibilidade. Há um estado de atenção contínuo que requer mecanismos para sua manutenção, quero pensar mais sobre isso.
Tiago Luz 27/09
Exercícios de convivência: Cantoria
Pela manhã reencontramos Seu Ramón, Seu Ezequiel e outros dois senhores que se aproximaram para "ensaiar" as canções de Nelson Gonçalves e Altemar Dutra (levei as letras impressas). Ouvimos algumas no celular para pegar o tom. Conversamos também. À tarde ensaiamos mais duas músicas com Ezequiel e conhecemos outro senhor que quis se engajar no ensaio timidamente. Falamos sobre como seria interessante agregar seu Pedro (Roberto Vidal - o seresteiro) nos ensaios, ele estava do outro lado da plenária, visível para nós, mas comentei que ele já tinha nos ouvido cantar e não demonstrou vontade de se aproximar.
Concordamos que deveríamos fazer uma última tentativa: Fui até ele, estava cochilando sentado, voltei, resolvemos esperar. Depois de um tempo acordou, eu e Jocarla fomos até ele, que estava praticamente "cercado" de pessoas por todos os lados... Achamos que ele ficaria muito exposto se a abordagem acontecesse naquele momento, aguardamos mais um pouco, observando-o discretamente... Reparei que ele cantarolava muito baixinho... quase silêncio, parecia se lembrar de músicas (talvez nossa cantoria estivesse reverberando ali), batucava levemente na mesa. Foi muito bonito observar este "corpo que se lembra", fiquei com vontade de fazer uma ação de apenas filmar estes corpos que esperam, lêem, pensam...
Auber Bettinelli 01/11
Exercícios de convivência: Cantoria
A empatia foi imediata, à medida que nos contava episódios de sua trajetória ia nos surpreendendo e emocionando. Botei uma música dele no celular, ouvimos juntos, perto do ouvido como se fosse um antigo "radinho" de pilha... (https://www.youtube.com/watch?v=Je_rYN1jkT4 Maria Helena, seu maior sucesso!) A cena foi muito delicada!
Auber Bettinelli 01/11
Sobre mediação
Disse que minha função era produzir situações de convivência... Para mim fez muito sentido estar presente no espaço desta forma, Foi muito prazeroso e simples. Foi um treino de presença e abertura, manutenção de fluidez (e reflexões sobre o que é necessário para sustentar este estado?).
Auber Bettinelli 24/09
Exercícios de convivência
...os dois, um democrata e outro radical, se conhecem há quase 30 anos, Sr X nega, diz que para conhecer alguém tem que saber o que se passa na cabeça dessa pessoa.
Bianca Zechinato 06/11
Memórias sobrepostas
O tempo voou, eu registrando no papel vegetal ... por vezes as frases se perdiam no meio da narrativa. Memória de quem narra a vida esse seu Pedro. A gente, memória fragmentada de narrativas fragmentadas. A conversa se estendeu à Fernanda, eu e Thelma nos despedimos e depois do café, passamos por lá e lá estavam os dois ainda conversando. Novos contatos, exercícios de presença.
Bianca Zechinato 06/11
Pensamentos que caminham
Ele havia definido o caminho, indo para lugares novos para mim, cara incrível, o colete no corpo dele dava abertura para crianças se aproximarem, adultos, que achando aquilo inusitado, logo pegavam a caneta e não negavam a solicitação de Matheus. Muitos escritos, ele os leu por um por um, no fim, no local de origem, o Parkour.
Bianca Zechinato 06/11
Leituras Interrompidas...Mulheres - eu em nós
...compreendi a mecânica da leitura, que se faz pela escuta do outro, por vezes a interrupção se dava por uma palavra de incômodo, ou que ligasse a minha leitura, por vezes era incômodo interromper a lei da Maria da Penha, pensei só ser justo interromper com uma leitura tanto quanto dolorosa, não poderia fazer isso com Cora por exemplo.
Bianca Zechinato 05/11
Encontrão: Fabuloso
Tomamos um café com Fabuloso, coisa assim, comum... enchemos umas bexigas e Fabuloso se sentou no tapete azul em frente a parede amarela, de fato, as crianças são as primeiras a se comunicar com ele. Querem abraçar, ou dar um aperto de mão, querem se aproximar, os adultos com aquele olhar de suspeita, pela curiosidade depois de testado pelas crianças se aproximam. Esse mediador das incertezas da convivência parece materializar desconhecidos presentes fatos de nós mesmos.
Bianca Zechinato 30/10
Jogo Campos de Preposições
Construimos ali uma mecânica de associação de poder entre as palavras, algumas Preposições constroem e desconstroem mais facilmente. ...os "poderes" das palavras nos diversos níveis da Aparelhagem.
Bianca Zechinato 15/10
Exercícios de presença: Respirar
...tivemos diversos tipos de resposta e o prazer de conviver por alguns instantes por meio da respiração.
Carolina Velasquez 16/10
Pequena partitura da convivência
leitura de partitura, criada com base em observação no corpo das pessoas no espaço expositivo, a leitura dura 5 minutos cronometrados por um alarme de seu celular, a partitura tem uma ação de sons crescentes ( bater o pé, bater a caneta sobre o caderno, olhar atento, presença do corpo) Durante a ação, algumas pessoas saíram da mesa SEM, CONTRA e outras permaneceram e faziam tanto barulho quanto Jocarla - COM, outras ouviam e observavam, outras conviviam mas como se não estivessem ali e quando Jocarla saía, todos os sons do espaço pareciam ganhar uma dimensão muito maior, ficávamos sensibilizados ao mínimo som!
Carolina Velasquez 13/10
Jocarla e eu iniciamos uma nova etapa, ler em voz alta na plenária, ela com um texto do Bauman e eu com um texto sobre a morte do ator da ultima novela, como uma exposição das leituras silenciosas daquele espaço e sua diversidade.
Carolina Velasquez 08/10
Pequenas Intervenções: Bexiga
... o grupo chegou à conclusão de que não tinham certeza do que foi REAL e o que foi FICÇÃO em nossas memórias e dos responsáveis por construir nosso imaginário imagético...
Carolina Velasquez 29/09
Sobre Mediação
Notei o quanto a música e uma boa conversa atrai outras pessoas.
Christiane Coutinho 11/10
Sr X disse que "aqui não há convivência, as pessoas não querem conversar", que ele nota até na postura corporal das pessoas, o quanto estão fechadas, e sugeriu que a gente proponha "palestras" para unir as pessoas.
Christiane Coutinho 11/10
Correio Elegante
Ele escreveu bilhetes e entregou às pessoas com as seguintes frases:
- Minha presença silenciosa compartilha com outros silêncios. O que fica no ar? (Resposta do público: A energia criativa da solidão. Junto vinha um papel em branco escrito: Escreva se desejar, entregue para quem quiser.
Christiane Coutinho 11/10